Insónia e Cansaço

Rebolo-me na cama. Destapo os cobertores. Tapo-me de novo. Dispo-me, coloco a camisola. Levanto-me e sento-me na cama. Os meus olhos esbugalhados não se querem fechar. Enjoo. Sufoco. Vou ao quarto de banho e sinto a sua claustrofobia. Ando às voltas pela casa, mas não vejo nada à minha frente. Nenhuma imagem, nenhuma luz ou mesa se esbarram com os meus pensamentos: sinto-me emparedada, num sítio negro e sem ar. Mexo-me e não gosto da energia que solto. Preciso que me prendam os punhos, para que eu não tenha ganas de me magoar. A voz não sai e os olhos estão tão abertos que parece que se lhe colocaram estacas entre as pálpebras.
Penso no Espírito Santo e finjo que estou amarrada pelos punhos à braçadeira do sofá. Sinto o ar menos denso e a vida a envolver-me: acalmo.
Sinto o cansaço, os olhos quando fecham doem-me, os músculos estão tensos, o vazio no estômago não passa com a comida que utilizo para entupir o raciocínio.
Vou morrer. É hoje, ou estou a ficar louca.